Fúria Sanguinária (1949)
País: USA, 114 minutos
Titulo Original: White Heat
Diretor(s): Raoul Walsh
Gênero(s): Ação, Crime, Drama, Filme-Noir
Legendas: Português,Inglês, Espanhol
Tipo de Mídia: Cópia Digital
Tela: 16:9 Widescreen
Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080
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INDICAÇÕES
Prêmio Edgar: Melhor Roteiro
1950 · Ivan Goff, Ben Roberts
Oscar de melhor história original
1950 · Virginia Kellogg
Sinopse: Fúria Sanguinária com a sua história de um criminoso de forte componente psicopática, está para além do que é habitual no Film Noir. De fato o personagem de Cody Jarrett (James Cagney) surge-nos como detentor de uma maldade que nada tem de ambígua. Mais que o homem empurrado por circunstâncias que não controla, que o levado numa espiral de más decisões, Jarrett surge em controlo das suas acções com uma atitude dominadora e resoluta.
Alimentado por um James Cagney no pleno das suas capacidades, é fácil comparar este Cody Jarrett aos personagens criados por Cagney no auge dos filmes de gangsters que ele ajudou a definir. Mas em “Fúria Sanguinária” se quisermos entender um pouco melhor a ambiguidade Cody, é uma análise psicológica, e não factual ou motivacional, que nos apontará o caminho.
Cody é filho de um pai (que não conhecemos) que morre num hospital psiquiátrico, e de uma mãe dominadora (interpretada por Margaret Wycherly), que o incentiva para além do razoável, e com quem mantém uma relação de tal proximidade que chega a parecer incestuosa (de reparar como é sempre a mãe e não a esposa o alvo da atenção, da confiança e do carinho de Cody, e compare-se ainda a reacção de Cody à perda da mulher, com a que tem perante a perda da esposa). Cody é incrivelmente violento, com comportamento imprevisível, e dado a crises de dores de cabeça (crises epilépticas?) que se desconfia serem apenas modos de chamar a atenção materna. Por tudo isto Cody tem de provar constantemente ser inteligente, estar em controlo, não ir ceder à loucura que matou pai e, fundamentalmente, cumprir as expectativas da sua mãe.
Com tanto nas suas mãos, Cagney compôs um personagem vívido e perturbador, capaz de uma violência não habitual no cinema dos anos 40 (ou 50). Cody Jarrett domina completamente o filme com a sua energia, e pelo modo como, impulsivamente, joga com a vida de todos os outros personagens e eventos.
Se a mãe de Cody (certamente inspirada na infame Ma Barker, célebre gangster do início do século XX) domina o filho, já a esposa Velma (Virginia Mayo), funciona como um símbolo ou um troféu. Velma segue o dinheiro, e sujeita-se ao medo que, tal como todos, nutre por Cody.
Vê a sua oportunidade na prisão do marido, e é aí que, pela primeira vez, age como mulher fatal, manipulando o amante, Big Ed, a cortar as amarras a Cody. Tal termina com a morte de Big Ed, pela qual ela é grandemente responsável. A partir de então Velma deixa de ser a mulher fatal e passa a ser novamente o troféu de Cody. A sua pouca importância é explicitada quando, na perseguição final, os seus préstimos são rejeitados pela polícia, e as últimas palavras de Cody são para a mãe.
Com uma história de crime e violência, Raoul Walsh usa a noite e a sombra como pano de fundo para a evolução dos acontecimentos. Seja nos planos de novos crimes, nas sequências na prisão, nas várias fugas de Cody, ou no combate final, tudo parece acontecer à noite. Com uma realização discreta Walsh parece saber que é Cagney o trunfo do seu filme, conseguindo dele uma interpretação inesquecível, num personagem de instintos selvagens, como habitual na obra de Walsh.
A especial atenção ao detalhe técnico, com extensivas explicações de como triangular a origem de um sinal rádio, como ler relatórios forênsicos, como montar uma perseguição com três carros em paralelo, juntamente com o papel da leitura de lábios, e a explicação do conceito de “Cavalo de Tróia”, dão por vezes ao filme um carácter documental.
A cena final com Cagney a gritar “Made it, Ma! Top of the World!” é das mais emblemáticas do cinema. Representará esse topo do mundo a busca doentia de grandeza que prova que Cody sofria já de loucura? Ou será simplesmente a consciência de que a sua cura, e libertação dos males do mundo (e de si próprio) só seria atingida pelo sacrifício final?
Elenco: